Um Documentário Brasileiro
Modalidade de Expressão Artística: Audiovisual/Cinema
Proponente: Julia Penteado Moretzsohn de Castro (RA: 200297) Curso: 64
Co-autor: Não há
Assistente: Não há
Equipe Participante: Isabella Ricchiero, 199244, Comunicação Social – Midialogia, produção e roteiro Giovanni Saluotto, 173346, Comunicação Social – Midialogia, direção de montagem
Sinopse:
“Um Documentário Brasileiro” é um filme documental ensaístico que acompanha a busca de estudantes de cinema pelo propósito de se produzir documentários. Os estudantes realizam um documentário com o tema de manifestações de rua no Brasil, entre os anos de 2013 e 2020, tecendo sentidos para esse período que compreende o #VemParaRua, #OGiganteAcordou, no contexto das Jornadas de Junho, e o atual momento do #FiqueEmCasa, reflexo da pandemia do coronavírus, que encontra no território nacional um de seus grandes epicentros. No processo dessa execução, composta primariamente de registros em vídeo feitos por manifestantes e filmagens de arquivos de canais oficiais, são questionados o poder das imagens na construção de um imaginário nacional, as barreiras entre representação e realidade e a ética da verdade por trás de imagens amplamente disseminadas pela rede. Em conversas gravadas com cineastas, professores e outros pesquisadores de cinema, essas questões são debatidas e as mesmas imagens são comentadas, refletindo sobre o próprio ato de se produzir documentários.
Introdução:
“O Brasil será uma tragédia. Uma tragédia bem filmada, mas ainda assim uma tragédia”. Essa é uma afirmação do banqueiro e documentarista João Moreira Salles de 2017, citando um ano em que, na PUC-RJ, trinta alunos se formaram no curso de cinema e apenas dois na matemática. Discursou na inauguração do Instituto Serrapilheira, a primeira entidade privada dedicada ao fomento de pesquisa e à divulgação científica do país, privilegiando as áreas de matemática, ciências físicas, ciências da vida e engenharia. Segundo o Moreira Salles, essas são as áreas que carecem de personagens no imaginário brasileiro e não despertam empolgação para a juventude.
Este projeto parte do momento atual nacional, uma tragédia bem filmada. A citação de Moreira Salles é tomada como questão investigativa, entendendo que o cinema seja fundamental para a construção da imagem de um país, porém está longe de ser uma demanda prioritária de reabertura durante a pandemia – escolha prontamente justificada pela improbabilidade de criar vacinas ou curar doenças. Da forma como contrapôs os estudantes de cinema aos matemáticos na profecia de uma tragédia, Moreira Salles poderia indicar que os cineastas tem menor influência para mudar um país (para melhor). Ou, pelo menos, que não devem existir mais cineastas do que existem matemáticos.
Seria essa presunção verdadeira?
Tivesse o Cinema Novo mudado o país, estaríamos observando alguns dos mesmos movimentos antidemocráticos? E o que há de cinema em vídeos de redes sociais ou telejornais? O que esses podem nos revelar sobre o Brasil?