Questão de Identidade: Sonhos, poéticas e realidades do corpo negro
Modalidade de Expressão Artística: Artes Corporais
Proponente: Fernando Vitor da Silva (RA: 171590) Curso: 26
Co-autor: Bruno Harlyson de Oliveira Souza (RA: 165238) Curso: 23
Assistente: Não há
Equipe Participante:Fernando Vitor da Silva, RA 171590, Intérprete-criador e produtor Bruno Harlyson, RA 165238, Estatística, produtor Bárbara Helena Daniel Santos, RA 194494, Diretora de filmagem e montagem Giovana Sanches Riveiro, RA 197926, Comunicação Social – Midialogia, diretora de fotografia
Sinopse:
O projeto “Questão de Identidade: Sonhos e realidades poéticas do corpo negro” propõe a criação de uma videodança intitulada “Sonhar aos avessos”, refletindo sobre a repressão sofrida pelo corpo negro e homossexual. A obra retrata um operário que enfrenta o aprisionamento causado pela rotina incessante de trabalho, lhe negando quaisquer possibilidades de vivenciar e enxergar além. Entretanto, esse corpo ainda busca faíscas de liberdade, ao sonhar.
Por mais dura que seja a trajetória vivida pelo corpo negro e LGBT, que está sempre se deparando imposições de imagens e padrões com os quais ele deve cumprir, há também respiros e prazer. Buscamos construir a imagem de um corpo humano, que através da dança, luta, mas também se liberta; um retrato humano, composto por cores e possibilidades múltiplas.
O vídeo-dança entrelaça o trabalho da dança ao cinema/audiovisual, estabelecendo uma nova linguagem de movimento que se diferencia de sua performance no palco. Entretanto, o corpo do intérprete não deixará de ser a principal voz a ser ouvida. Para tal, buscamos calçar a realização do curta com o debate e compartilhamento de outros olhares sobre o tema, que englobam também as dificuldades impostas pelo momento atual, por conta da pandemia da COVID-19, em produzir arte, especialmente na especificidade das artes da presença (como o teatro e a dança) e as poéticas negras, que já enfrentam um panorama tão árduo pelo seu reconhecimento.
Introdução:
O aluno-intérprete Fernando Vitor, cursa o nono semestre do curso de Artes Cênicas, e atualmente finaliza sua terceira pesquisa de iniciação científica com bolsa PIBIC/CNPq. No percurso de pesquisa, se debruçou sobre as colaborações de dança e teatro iniciadas na década de 1970, investigando as linguagens de vanguarda, o caráter popular/nacional de suas temáticas e seu papel de na luta contra o regime militar (1964-1985).
Tendo dedicado um período da pesquisa especialmente ao trabalho de Ruth Rachou, bailarina pioneira da dança moderna no Brasil e ligada às primeiras produções de caráter híbrido do país, o aluno encontrou o mote para sua criação no espetáculo de dança-teatro “Sonho de Valsa” (1979), que retrata a opressão do operariado pelos conflitos vividos por uma mulher “comum”, empregada doméstica. Estabeleceu então o gancho de seu espetáculo num operário negro, um homem “comum” que vive também uma opressão sistemática por sua raça e sexualidade.
Sob a orientação de Julia Ziviani e da própria Rachou, pesquisou sua história familiar – diretamente ligada a consolidação do ABC paulista enquanto região operária, onde seus pais, tios e avós empregaram grande parte de suas vidas. Além da investigação estética/histórica do período da década de 1970 e seus ecos contemporâneos, o intérprete também se debruça sobre o racismo e a formação das identidades negras. Esse percurso é norteado especialmente pelo olhar do romancista e ensaísta afroamericano James Baldwin (1924 – 1987), um dos autores mais influentes do século XX, e muito pouco difundido (e traduzido) no Brasil.