Julice Dutra Lopes chegou à Unicamp em 2007. Em 2010 defendeu sua dissertação de mestrado na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e está cursando o doutorado na área de óleos e gorduras. Há dois anos sua mãe, Maria Lúcia Dutra, veio fazer companhia à filha em uma casa próxima da Moradia Estudantil da Universidade, no distrito de Barão Geraldo. A lamentação de ambas é não ter mar em Campinas: “só falta uma coisa aqui, a praia”. As duas estavam nesta sexta-feira (26) entre os 44 passageiros da primeira viagem do Unicampinas, projeto organizado pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) e o Departamento de Turismo da Prefeitura de Campinas, que pretende tornar a cidade mais próxima de seus estudantes. Julice e Maria Lúcia são de João Pessoa, na Paraíba.
Antes da viagem, mãe e filha disseram conhecer apenas o Shopping Dom Pedro e a Lagoa do Taquaral. A partir de hoje, com certeza, podem dizer que já passaram pelo menos em frente ou próximo da Estação Cultura, Catedral Metropolitana, Lagoa do Taquaral, Jóquei Clube, Mercado Municipal, Escola Preparatória de Cadetes do Exército e Torre do Castelo, locais que o ônibus com alunos de graduação e pós da Unicamp percorreu por quase duas horas do passeio.
O peruano Samuel Medina, solteiro e com 22 anos, veio para a Unicamp em agosto. Faz algumas matérias eletivas na Faculdade de Engenharia Mecânica e fica no Brasil até dezembro. Conhece mais a cidade do que Julice e Maria Lúcia. Já esteve no centro da cidade, rodoviária, terminal central, aeroporto, lagoa do Taquaral e em dois shoppings.
Turismo
Mirza Pellicciotta, coordenadora do Departamento de Turismo de Campinas e historiadora com formação na Unicamp, da graduação ao doutorado, colaborou com conhecimentos para os que não sabiam muito coisa sobre a terra de Carlos Gomes e seus destaques. Quando o ônibus passou pela avenida Orosimbo Maia, no começo da tarde, informou que o local onde hoje corre um ribeirão foi feito para a drenagem da água da cidade devido a epidemias que assolaram Campinas em séculos passados, como a cólera morbo, a varíola, a lepra e a febre amarela. Nova indagação de Mirza quando passava pelo Cambuí. Poucos conheciam o bairro. A coordenadora destacou pontos importantes do bairro e sua arquitetura. Mirza contou com mais dois guias de turismo para as explicações históricas e geográficas sobre Campinas.
O engenheiro Jan Honza Tilinger, sua esposa Eva e o filho Evo chamavam a atenção no grupo do Unicampinas. A única família completa é de Praga, na República Tcheca, e está na Unicamp há 10 meses. Jan trabalha com bambu. Nem de tão longe, vieram para a Unicamp as mato-grossenses Joelma Aparecida Bressanim, Sandra Straub e Maria José Lanoar. Elas fazem o doutorado em linguística, no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), através do programa Interinstitucional Dinter. São da Universidade Estadual de Mato Grosso, a Unemat.
A certa altura da viagem, Mirza quis saber a procedência dos que participavam do Unicampinas. Havia muitos latinos e um bom grupo de europeus. Abdelmoubine Amar Henni fez questão de dizer que era da Argélia. Está na Unicamp há quatro meses por conta de um pós-doc no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc). Amar, de 31 anos, é da cidade de Oran.